Sascha Fauser, chefe global da área terapêutica de oftalmologia da Roche (pRED), partilha as suas percepções sobre como os cuidados de saúde personalizados (PHC) podem trazer benefícios nas doenças da retina. Médico de formação, Sascha é professor de oftalmologia com muitos anos de experiência em oftalmologia clínica e cirurgia vitreorretiniana.

Na oftalmologia estamos focados em descobrir e desenvolver terapias transformacionais para doenças da retina que cursem com perda completa da visão, como a degenerescência macular da idade exsudativa (nAMD), a retinopatia diabética e o edema macular diabético. Estas doenças são muito comuns em todo o mundo e podem levar à perda permanente da visão. Esta é uma grande necessidade médica não atendida que, se tratada com sucesso, pode trazer benefícios significativos para a vida de muitos doentes.

Na verdade, existem terapias clinicamente eficazes disponíveis. Um deles é o tratamento anti-VEGF, que resolve o fluido que se acumula na retina devido à exsudação de novos vasos sanguíneos no olho. Embora essas moléculas tenham revolucionado o tratamento de muitos doentes com doenças retinianas, uma proporção significativa mostrou apenas melhoria parcial da visão, ou nenhuma. E agora temos dados de vida real com seguimento dos doentes até sete anos, que demontram claramente que alguns não conseguem manter os ganhos iniciais de visão observados em ensaios clínicos. Nesse sentido, há uma necessidade clara de desenvolver e fornecer tratamentos personalizados que sejam mais eficazes e duradouros. Temos já avanços significativos no desenvolvimento de novas terapias combinadas e tecnologias inovadoras, como a terapia genética. Também acreditamos que os cuidados de saúde personalizadospodem ajudar a traçar o caminho para optimizar ainda mais os cuidados médicos em oftalmologia.

Em toda a Roche, temos um grande interesse e investimento em PHC, que também se estende às doenças da retina. Quando se trata de PHC e oftalmologia, a nossa estratégia abrangente é usar análises avançadas para obter novos insights de imagens (por exemplo, tomografia de coerência óptica) derivadas dos nossos vastos bancos de dados de imagens da retina. Além disso, os perfis moleculares do fluido ocular, assim como os dados clínicos e genómicos, também nos permitem direcionar os cuidados personalizados em oftalmologia. A nossa estratégia é baseada e estreitamente alinhada com a evidência científica crescente, incluindo publicações recentes dos nossos colegas da Roche e da Genentech. Tem sido demonstrado que a inteligência artificial pode salvar a visão das pessoas, ao suportar os médicos a diagnosticar doenças da retina mais cedo e a selecionar os melhores tratamentos possíveis para cada doente de forma mais eficaz.

Como parte da grande iniciativa de Saúde Personalizada de Oftalmologia da Roche, estamos a explorar o potencial para desenvolver ferramentas piloto de Inteligência Artificial e Machine Learning que podem filtrar enormes conjuntos de dados para prever a resposta ao tratamento, bem como o risco de progressão da doença. Além disso, as informações geradas por diversas ferramentas analíticas podem melhorar a nossa capacidade de desenvolver melhores tratamentos e ajudar os oftalmologistas a escolher a dose e o regime de tratamento corretos para cada doente. Gosto de pensar na nossa abordagem de PHC em oftalmologia como tendo um benefício bidirecional: tanto no desenvolvimento clínico quanto no suporte à tomada de decisão clínica.

A nossa abordagem de cuidados de saúde personalizados significa que teremos uma melhor compreensão e capacidade de prever a resposta dos doentes ao tratamento, antes de os incluir em ensaios clínicos. Isso significa que podemos implementar ensaios clínicos mais focados e eficientes, que requerem envolvimento de menos doentes. Também significa que, no decorrer dos ensaios clínicos, teremos uma noção melhor de quais os tratamentos estão a funcionar.

Este é um ponto importante. As parcerias e colaborações desempenham um papel crucial em tudo o que fazemos na investigação e desenvolvimento de medicamentos, mas particularmente relevante nos cuidados de saúde personalizados em oftalmologia. De forma a sermos capazes de compilar as enormes bases de dados de imagens de retina, fluido ocular e similares, temos de fazer parceria com médicos que recolhem esses dados na prática clínica. Também há necessidade de parcerias no que diz respeito ao componente de ciência de dados. A Roche tem um forte histórico de parceria para Cuidados de Saúde Personalizados e, embora ainda estejamos nas fases iniciais de reconhecimento do seu potencial para transformar a oftalmologia, acredito que estamos numa posição única para aproveitar todo esse conhecimento. Também estou muito entusiasmado para descobrir o que podemos produzir com as nossas parcerias atuais e futuras.

Como cientista e oftalmologista de formação, estou entusiasmado com nosso potencial de obter uma compreensão muito mais profunda das doenças da retina, que assim nos permite desenvolver terapias mais eficazes que serão mais bem adaptadas às necessidades individuais de cada doente, proporcionando benefícios além do tratamento padronizado atual. Também capacitará os médicos com as ferramentas de tomada de decisão para combinar o tratamento certo com o doente certo no momento certo. A nossa abordagem de PHC em oftalmologia também pode servir como uma prova de conceito de vida real, em como análises avançadas podem ser utilizadas para transformar a saúde, além da nossa área terapêutica, e isso também me entusiasma.

Na Roche, temos a oportunidade de enfrentar problemas clínicos desafiantes com recursos e experiência para o fazer com seriedade. As nossas equipas são profundamente comprometidas em seguir a ciência e trazer as mais recentes inovações tecnológicas. Com o número crescente de iniciativas de PHC da Roche em oftalmologia e outras áreas terapêuticas, temos uma necessidade emergente de ciência de dados de última geração e outros talentos altamente especializados em PHC.