Atualmente, as tecnologias moleculares e genéticas permitem determinar se uma pessoa apresenta risco de desenvolver cancro. Saber que mutações estão presentes nos tumores pode ajudar a retardar ou a travar o desenvolvimento de alguns tipos de cancros de mama e dos ovários.
O cancro de mama é o cancro mais comum entre as mulheres. Em 2020, foram diagnosticadas 2,3 milhões de mulheres em todo o mundo e, por ano, aproximadamente 685.000 mulheres morrem vítimas da doença6 Isto significa que, no mundo, uma mulher é diagnosticada com cancro de mama a cada 20 segundos e mais de três mulheres morrem de cancro de mama a cada cinco minutos.7 As mamografias regulares podem ajudar na deteção precoce.
Cerca de 13% das mulheres na população em geral poderão desenvolver cancro de mama.8
Comparativamente com uma mulher sem uma variante patogénica, até 72% das mulheres que herdam uma variante de BRCA1 e até 69% das mulheres que herdam uma variante de BRCA2, irão desenvolver cancro de mama9
O cancro de ovário é o cancro ginecológico com maior mortalidade associada10 No mundo, são diagnosticados mais de 300.000 novos casos por ano.11Isto significa que a cada 2 minutos uma mulher recebe um diagnóstico de cancro de ovário.12
Cerca de 1,2% das mulheres da população em geral poderão desenvolver cancro nos ovários.13
Comparativamente com uma mulher sem uma variante patogénica, até 44% das mulheres que herdam uma variante BRCA1 e 17% das mulheres que herdam uma variante BRCA2 poderão desenvolver cancro dos ovários14
O rastreio preditivo das variantes patogénicas BRCA1/2 pode ajudar na deteção do cancro numa fase precoce, altura em que as possibilidades de tratamento eficaz são maiores. No melhor cenário, um cancro pode até ser prevenido e o risco diminuído através de cirurgia e quimioprevenção.
Embora o rastreio BRCA1/2 seja principalmente recomendado para pessoas com um risco elevado de terem herdado uma variante patogénica do BRCA1/2, de que são exemplo as mulheres com um historial oncológico familiar, os grupos de doentes elegíveis para aconselhamento e testes genéticos estão em expansão.15
Apesar dos muitos benefícios destes testes, estes incluem também uma componente de incerteza a qual deve ser referida de forma transparente ao doente para que possa ser devidamente compreendida. A incerteza reside no facto de não se saber se uma condição específica se poderá ou não desenvolver, mas também quando poderá surgir e qual será a sua gravidade. Além disso, as intervenções disponíveis para indivíduos de risco não são frequentemente avaliadas em ensaios clínicos e podem basear-se em recomendações ou eventuais benefícios, não devidamente validados clinicamente.16 É importante que os doentes discutam com os profissionais de saúde as implicações dos testes genéticos de forma a que a sua realização esteja alinhada com os seus desejos e necessidades, bem como as dos seus familiares.