Veja de perto as doenças da retina

As ‘doenças da retina’ englobam um amplo espectro de doenças oculares que afetam qualquer parte da retina, uma fina camada de tecido que recobre o fundo do olho. A retina está envolvida no processo de enviar informações ao cérebro, permitindo a visão.1

As doenças da retina estão entre as principais causas de cegueira e deficiência visual em todo o mundo.2 Embora algumas sejam hereditárias, algumas também podem estar relacionadas com o envelhecimento, a diabetes ou outras doenças.1

A perda da visão pode ter um impacto devastador sobre as pessoas afetadas e os seus familiares. As pessoas sem visão ou com visão reduzida podem perder a capacidade de realizar as suas tarefas quotidianas, dependendo da família e dos amigos para fazerem coisas simples, como compras, limpezas e para se vestirem. A sua capacidade de trabalhar ou manter uma vida social ativa também pode ser afetada, levando a um crescente isolamento social e transtornos de depressão e ansiedade.3

As doenças da retina podem ser difíceis de tratar porque se desenvolvem e evoluem de modo variável, de pessoa para pessoa.4 Muitas pessoas que sofrem de doenças da retina não têm ou têm poucas opções de tratamento.1,5 As opções disponíveis podem ser incómodas e com frequência as pessoas continuam a ter problemas visuais a longo prazo.6,7 Há uma necessidade significativa de terapias mais eficazes e duradouras para pessoas com doenças da retina.1

Em pessoas com diabetes, níveis altos de açúcar no sangue e mau controlo da doença podem danificar os pequenos vasos sanguíneos (capilares) da retina, causando doenças oculares como a retinopatia diabética (RD) e edema macular diabético (EMD).8

A retinoaptia diabética (RD) ocorre quando o dano nos vasos sanguíneos provoca perda de sangue e (ou líquido para dentro da retina, causando edema (inchaço) e bloqueio ao aporte de sangue para algumas áreas da retina.

À medida que a doença progride, a visão vai-se tornando deficiente.

A RD afeta 93 milhões de pessoas em todo o mundo e causa cegueira em quase 5 milhões de pessoas, ou seja, 5% de todos os casos de cegueira.⁹

A perda da visão por RD pode ser irreversível, mas a deteção e o tratamento precoces podem reduzir o risco de cegueira em 95%.8

No início, a RD pode não causar problemas visuais, ou apenas ligeiros, por isso é frequente o tratamento ser adiado até que apareçam complicações, como o edema macular diabético (EMD), que leva à perda de visão.8

O edema macular diabético (EMD) é uma complicação da retinopatia diabética, que ocorre quando os vasos sanguíneos danificados perdem fluido para dentro da mácula, causando edema (inchaço) nessa zona.8

A mácula é a área da retina responsável pela nitidez da visão necessária para ler e conduzir.8

O EMD é a principal causa de perda de visão em pessoas com diabetes, e afeta 21 milhões de pessoas em todo o mundo. À medida que aumenta a incidência da diabetes, cada vez mais pessoas serão afetadas pelo EMD.10

O EMD pode causar visão turva, dificuldade em distinguir tons claros de escuros, e perda de visão em partes da retina, que se manifesta por pequenos pontos negros ou linhas que "flutuam" no campo de visão.11 Em muitos doentes o EMD pode ser controlado e a perda de visão pode ser evitada se o problema for diagnosticado e tratado eficaz e precocemente. Frequentemente, o EMD é tratado com injecções no olho que bloqueiam as ações de uma proteína específica, o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), que contribui para a perda de fluido dos vasos da retina.12 O tratamento "anti-VEGF" em muitos casos impede essa perda de fluido, embora haja casos de doentes em quem não funciona, ou que obriga a idas ao Oftalmologista muito frequentes. 6,7,12-14

Portanto, são necessárias opções terapêuticas mais eficazes e duradouras.6,7

A degenerescência macular da idade (DMI) afeta a mácula, ou seja, a parte da retina que gratante a visão central, nítida, necessária para atividades como ler ou conduzir.15 A DMI neovascular ou exsudativa é uma forma avançada da doença, que pode causar perda visual grave.

A DMI acontece quando novos vasos sanguíneos anormais crescem de forma incotrolável abaixo da mácula, causando edema (inchaço), sangramento e/ou fibrose.17 A DMI exsudativa afeta 17 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo a principal causa de perda de visão em pessoas acima dos 60 anos de idade.15,18 Além da idade, outros fatores de risco para ter esta doença são: o tabagismo, a raça (a DMI exsudativa é mais comum em caucasianos), a história familiar e a genética.19,20

Os sintomas incluem visão turva súbita, dificuldademe ver ao longe ou fazer trabalhos detalhados, pontos negros na linha de visão, dificuldade em distinguir cores, bordos e linhas retas (que parecem onduladas).17,21

As injeções anti-VEGF também são usadas para tratar a DMI exsudativa, de modo a travar o crescimento descontrolado de novos vasos sanguíneos, sobretudo abaixo da retina. No entanto, esse tratamento pode exigir injeções mensais no olho durante períodos prolongados, o que leva alguns doentes a não aderirem ao tratamento, ou não tratarem com a devida frequência, com consequente declínio da visão a longo prazo.6,7

Outras opções terapêuticas incluem a terapia fotodinâmica, que consiste na aplicação de laser em áreas selecionadas da retina, com o objetivo de destruir os vasos sanguíneos anormais.19

Diferentes doenças da retina podem ter muitos sintomas em comum. Reconhecer essas alterações visuais ajuda a melhorar o diagonóstico e o tratamento.

  • Visão turva ou distorcida

  • Linhas onduladas

  • Pontos negros na visão central

  • Perda da visão em certas áreas

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A atrofia geográfica (AG) é responsável por 10-20% dos casos de cegueira na DMI, e afeta mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo.22

Muitas pessoas que sofrem de DMI não reconhecem imediatamente os sintomas e acham que são um sinal do envelhecimento, o que acarreta uma perda visual mais grave. 16,5 A AG é uma forma avançada de DMI, na qual as células da retina sensíveis à luz começam a degenerar e a morrer, criando pontos cegos no campo de visão central.5

A AG é progressiva e irreversível, e não existem, atualmente, tratamentos disponíveis.22 Os fatores de risco para AG mais frequentes são a idade avançada, história familiar e tabagismo.22

A neovascularização miópica da coroide (NVC) é uma complicação comum da miopia grave (também chamada miopia patológica) que condiciona risco aumentado de perda da visão e ocorre em 10% das pessoas com miopia acentuada.23 Em consequência da miopia podem crescer novos vasos sanguíneos anormais abaixo da retina, deixando extravazar sangue e/ou líquido.24 A NVC pode causar uma perda irreversível da visão central.25

Outros sintomas incluem visão turva, visão distorcida de objetos e linhas, e dificuldade para distinguir as cores.24 A NVC é mais comum em pessoas entre os 45 e os 64 anos e o risco é maior no sexo feminino. A raça também é um fator de risco, já que a NVC é mais comum em pessoas com origem no leste asiático.25,26

Referências

  1. Mayo Clinic. Retinal diseases. [Internet; citado em outubro de 2018]. Disponível em:.

  2. Flaxman SR, Bourne RRA, Resnikoff S, et al. Global causes of blindness and distance vision impairment 1990-2020: a systematic review and meta-analysis. Lancet Glob Health. 2017; 5:1221-1234.

  3. Park SJ, Ahn S, Woo SJ, et al. Extent of Exacerbation of Chronic Health Conditions by Visual Impairment in Terms of Health-Related Quality of Life. JAMA Ophthalmol. 2015; 133:1267-1275.

  4. Daiger SP. Identifying retinal disease genes: how far have we come, how far do we have to go? Novartis Foundation symposium. 2004; 255:17-178.

  5. Sacconi R, Corbelli E, Querques L, Bandello F, Querques G. A Review of Current and Future Management of Geographic Atrophy. Ophthalmology and Therapy. 2017; 6:69-77.

  6. Holz FG, Tadayoni R, Beatty S, et al. Multi-country real-life experience of anti-vascular endothelial growth factor therapy for wet age-related macular degeneration. British Journal of Ophthalmology. 2015; 99:220-226.

  7. Rao P, Lum F, et al. Real-world vision in age-related macular degeneration patients treated with single anti-VEGF drug type for 1 year in the IRIS registry. Ophthalmology. 2018; 125: 522-528.

  8. National Eye Institute. Facts About Diabetic Eye Disease. [Internet; citado em março de 2024]. Disponível em:.

  9. Leasher JL, et al. Global Estimates on the Number of People Blind or Visually Impaired by Diabetic Retinopathy: A Meta-Analysis from 1990 to 2010. Diabetes Care. 2016; 39:1643-9

  10. Yau JWY, Rogers SL, Kawasaki R, et al. Global Prevalence and Major Risk Factors of Diabetic Retinopathy. Diabetes Care. 2012; 35: 556-564.

  11. American Academy of Ophthalmology. Diabetic Retinopathy: Causes, Symptoms, Treatment. [Internet; citado em março de 2024]. Disponível em:.

  12. Chakravarthy U BC, Brown D, Campochiaro P, et al. Phase 1 trial of anti–vascular endothelial growth factor/antiangiopoietin 2 bispecific antibody RG7716 for neovascular age-related macular degeneration. Ophthalmol Retina. 2017; 1:474-485.

  13. Boyer DS, Hopkins JJ, Sorof J, Ehrlich JS. Anti-vascular endothelial growth factor therapy for diabetic macular edema. Ther Adv Endocrinol Metab. 2013; 4:151-169.

  14. Cohen SR, Gardner TW. Diabetic Retinopathy and Diabetic Macular Edema. Dev Ophthalmol. 2016; 55:137-146.

  15. Bright Focus Foundation. Age-Related Macular Degeneration: Facts & Figures. [Internet; citado em março de 2024]. Disponível em:.

  16. NHS Choices. What is nAMD?. [Internet; citado em março de 2024] Disponível em:.

  17. Kellogg Eye Center. AMD [Internet; citado em março de 2024]. Disponível em:.

  18. Pennington KL, DeAngelis MM. Epidemiology of age-related macular degeneration (AMD): associations with cardiovascular disease phenotypes and lipid factors. Eye and Vision. 2016; 3:34.

  19. National Eye Institute. Facts About Age-Related Macular Degeneration. [Internet; citado em março de 2024]. Disponível em:.

  20. Bright Focus Foundation. Macular Degeneration Prevention and Risk Factors. [Internet; citado em março de 2024]. Disponível em:

  21. Bright Focus Foundation. Macular Degeneration Essential Facts. [Internet; citado em março de 2024]. Disponível em:.

  22. Amdbook. Geographic Atrophy [Internet; citado em março de 2024]. Disponível em:

  23. LUCENTIS. What is mCNV (Myopic Choroidal Neovascularization) [Internet; citado em março de 2024]. Disponível em:

  24. Fort Lauderdale Eye Institute. Choroidal Neovascularization. [Internet; citado em março de 2024]. Disponível em:

  25. Cheung CMC, et al. Myopic Choroidal Neovascularization, Review, Guidance, and Consensus Statement on Management. Ophthalmology. 2017; 124:1690-1711.

  26. Medscape. Management of Choroidal Neovascularization in Myopic Macular Degeneration. [Internet; citado em março de 2024]. Disponível em:

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