São necessários cada vez mais e melhores jornalistas de Saúde

O jornalismo muda o mundo, apesar de não dever ser esse o seu propósito. A frase é de Sandra Moutinho, uma das vencedoras da 1ª edição das Bolsas de Jornalismo, em 2018, que defende que são necessários cada vez mais e melhores jornalistas de saúde.

Numa altura em que se encontram abertas as candidaturas à 2ª edição das Bolsas de Jornalismo, fomos revisitar os vencedores de 2018 e ouvir o que pensam sobre a iniciativa e sobre a atividade jornalística na área da Saúde.

“O jornalismo muda o mundo, mas não deve ser esse o seu propósito, mas sim o ‘bónus’, principalmente se for para melhor. A denúncia do que está errado e a divulgação do que está certo acabam por pôr em causa a total isenção do jornalista, a partir do momento em que este faz uma escolha; mas, limitando-se aos factos, acaba muitas vezes por ajudar a que as situações erradas se corrijam, mais por reação dos responsáveis do que propriamente por ação dos mesmos”.

Sandra Moutinho, que durante duas décadas se dedicou ao jornalismo na área da Saúde, rejeita ideias de um panorama de crise no jornalismo, que, tal como a sociedade, se vai adaptando ao mundo e à realidade.

“O jornalismo está como sempre esteve. Tal como a sociedade, adapta-se. Vive tempos melhores e piores. Mas, como vivemos em Liberdade, podemos ser nós a fazer mais pelo jornalismo e não o contrário”.

Apesar de um aparente caminho de menor especialização da imprensa, o cenário na Saúde acaba por ser singular.

“A área da Saúde sempre teve, tem e terá um grande peso [no jornalismo e nas redações], porque envolve o que de mais sagrado existe: a nossa vida. E depois há sustos como o da gripe A (H1N1), em 2009, ou o da Covid-19, que atravessamos, que nos demonstram a vulnerabilidade do ser humano, mas também das políticas de saúde, dos serviços, enfim, de tudo e todos. Mas também por isso são necessários cada vez mais e melhores jornalistas de saúde, que questionem mais e opinem menos e que tenham a humildade de querer aprender em vez de achar que podem ensinar, porque a realidade é uma lição permanente”.

Sobre as Bolsas de Jornalismo, uma iniciativa do Sindicato dos Jornalistas com apoio da Roche, Sandra Moutinho encara-as como um incentivo aos profissionais, sobretudo para os jornalistas que, querendo, não conseguem trabalhar num órgão de comunicação social e também para os que são ‘freelancers’ por opção.

Em 2018, na 1ª edição das Bolsas, Sandra Moutinho foi uma das consagradas, em co-autoria com Rute Peixinho, com uma proposta dentro do tema da prevenção e redução do peso da doença crónica na sociedade.

‘"Como os empregadores ajudam os trabalhadores a lidar com a doença crónica" foi o ângulo de um conjunto de reportagens, entrevistas e peças jornalísticas da autoria das jornalista da Agência Lusa.