“Rastrear, rastrear, rastrear é o novo mote que vem substituir o anterior “testar, testar, testar. O rastreio é a ferramenta essencial para identificarmos as pessoas que mantêm a doença na comunidade e a perpetuam. O rastreio é o passaporte para o desconfinamento.” A afirmação é do pneumologista e intensivista Filipe Froes, no âmbito da conferência sobre a estratégia de testagem na gestão da Covid-19, uma iniciativa desenvolvida no dia 16 de abril pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar (APDH), com o apoio da Roche. 

Durante a conferência foi abordada a capacidade de inovação das companhias de diagnóstico, o que permitiu o desenvolvimento de soluções que contribuíram e que continuam a contribuir de forma efetiva para a implementação de uma estratégia nacional de testagem capaz de monitorizar e controlar a pandemia em Portugal. 

Além de um esclarecimento sobre os diferentes tipos de testes que hoje estão disponíveis para a sociedade, o debate gerado pelos oradores abordou ainda o papel e o valor do diagnóstico na gestão da pandemia e as mais-valias que trazem para o contexto social, económico e da saúde.

A abertura foi feita pelo presidente da APDH, Carlos Pereira Alves, numa conferência em que participaram: Carlos Catalão, diretor de Acesso e Inovação da Roche Diagnósticos, Filipe Froes, coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos para a Covid-19, Fernando de Almeida, presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) e coordenador da Task Force da estratégia de testagem, Eliana Costa, diretora do Serviço de Patologia Clínica no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) e Duarte Santos, vogal da Direção da Associação Nacional de Farmácias (ANF).

Alguns highlights da conferência que pode ser vista na íntegra no vídeo publicado abaixo ou no canal de

“É necessário informar bem sobre o que são os diferentes tipos de testes disponíveis, quando devem ser feitos, com que frequência, com que objetivo, para que os cidadãos possam estar devidamente esclarecidos”, afirmou Carlos Pereira Alves, realçando que o plano de vacinação que está em curso “não liberta o cidadão da sua responsabilidade e contributo pessoal, nomeadamente das medidas preventivas tais como usar máscara, distanciamento social, redução de convívios e a necessidade de lavagem frequente das mãos.”

“A indústria de diagnósticos fez um esforço muito considerável para o desenvolvimento de soluções. No caso da Roche, em menos de um ano a Roche desenvolveu e lançou 15 soluções diferentes com o objetivo de permitir que Governo, autoridades de saúde, profissionais de saúde, a sociedade tivesse e continue a ter acesso a testes de elevada qualidade de forma a permitir uma melhor monitorização e controlo da pandemia”, realçou Carlos Catalão, referindo ainda que a capacidade de inovação e investimento se traduziu num suporte para a definição e implementação de estratégias para combater a disseminação da pandemia para que se possa permitir uma abertura maior, em segurança, da própria economia e do país.

“A testagem é uma das armas mais poderosas de combate a esta pandemia”, afirmou Duarte Santos, reforçando o contributo dos farmacêuticos na realização de testes, o papel destes profissionais de saúde na informação e esclarecimentos prestados à população, bem como a rápida comunicação dos resultados às autoridades de saúde. 

“A resposta dada pelo CHTMAD à pandemia da COVID-19 foi multidisciplinar e permitiu uma abordagem efetiva de soluções de diagnóstico adequadas à gestão hospitalar", referiu Eliana Costa. E acrescentou: “A inovação e os diferentes testes de diagnóstico que surgiram, permitiram alargar a testagem e adaptar protocolos específicos que utilizam diferentes metodologias segundo critérios bem definidos.”

“Passamos de uma fase de ‘testar, testar, testar’ para uma fase de ‘rastrear, rastrear, rastrear’ ́ de forma a criar um passaporte contra a transmissibilidade, e ‘vacinar, vacinar, vacinar’ para criar um passaporte contra a gravidade”, sublinhou Filipe Froes.E acrescentou” O rastreio é a ferramenta essencial para identificarmos as pessoas que mantêm a doença na comunidade e a perpetuam. O rastreio é o passaporte para o desconfinamento.”

“Quando se faz um rastreio, seja em que contexto for, tem sempre de ser avaliada a capacidade de resposta. Devemos aproveitar todas as oportunidades para rastrear. Esta é a altura mais indicada para ‘rastrear, rastrear, rastrear’ tendo em conta que a situação que estamos a viver hoje é diferente da que tínhamos há um mês, em que os serviços têm capacidade de resposta.”, referiu Fernando de Almeida. 

Quanto aos autotestes, o coordenador da task force de testagem reforçou a mais-valia do seu custo reduzido que permite uma maior frequência de realização: “A frequência da testagem é muito importante quando falamos de autotestes. Quanto mais frequente for a sua utilização, maior será a sua capacidade de identificação de possíveis casos de infeção ativa. Porém, não nos podemos esquecer que apesar de um teste negativo têm de ser mantidas todas as medidas de prevenção que estão protagonizadas pelas autoridades de saúde.” Para Filipe Froes, o autoteste é importante, “mas é um sinónimo de cidadania e de responsabilidade individual e caso dê positivo a pessoa deve declarar o resultado”, alertou.