Gestão de doenças infeciosas com software de monitorização e vigilância digital
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Parte de
Healthcare Transformers
Laurent Bellavance
Sumário executivo
O controlo de infeções em tempo real reduz os tempos de resposta e previne surtos e complicações.
A interoperabilidade é fundamental para facilitar a integração da vigilância digital nos hospitais.
A colaboração acelera a inovação, trazendo mais rapidamente para o mercado soluções que salvam vidas.
O aumento dos microrganismos multirresistentes e da resistência aos agentes antimicrobianos (RAM) é considerado uma grande ameaça pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e está associado ao aumento da morbilidade, mortalidade, custos dos cuidados de saúde e utilização de antibióticos.1 As instituições de cuidados de saúde estão a enfrentar uma pressão crescente para melhorar a vigilância e as medidas de controlo de doenças infeciosas e, ao mesmo tempo, otimizar a gestão de agentes antimicrobianos.
Conversámos com Laurent Bellavance, vice-presidente de desenvolvimento comercial da Nosotech, para discutir como a tecnologia digital de vigilância de doenças infeciosas está a revolucionar o controlo de infeções, os desafios da implementação e a importância das parcerias colaborativas.
Tirar partido da monitorização digital de doenças infeciosas para combater as infeções hospitalares
HT: O aumento da prevalência de microrganismos multirresistentes e o problema da resistência aos antibióticos (RAM) são uma preocupação crescente para a comunidade internacional. Pode falar-nos mais sobre como os produtos de software podem fazer face a estes problemas?
Laurent Bellavance: O software de monitorização ou vigilância digital em tempo real pode melhorar a capacidade das equipas de controlo de infeções em detetar surtos, minimizar riscos de infeção e otimizar os tratamentos com agentes agentes antimicrobianos.2 Este tipo de software aborda o problema crescente das infeções hospitalares e da resistência aos antibióticos.
Ao integrar dados de vários sistemas hospitalares — admissões de doentes, resultados de laboratório, registos de farmácia e relatórios cirúrgicos — estas soluções podem permitir emitir alertas em tempo real para as equipas clínicas. Isto significa que os especialistas em controlo de infeções e as equipas de gestão de antibióticos podem identificar os doentes em risco mais rapidamente, garantir a utilização adequada de antibióticos e reduzir a propagação de infeções.3
Além disso, o software pode automatizar a emissão de relatórios para programas nacionais de vigilância, eliminando a introdução manual de dados para cumprimento dos regulamentos de saúde pública. Isto reduz amplamente o peso da gestão de dados que afeta a equipa de controlo de infeções e ajuda a manter o foco nas intervenções-chave. As ferramentas avançadas de gestão de surtos podem fornecer esta visão geral em tempo real de eventos críticos, permitindo que os hospitais atuem rapidamente na contenção de infeções.4
De que forma é que a vigilância digital funciona para prevenir a propagação de doenças infeciosas
HT: As tecnologias de vigilância digital ganharam muito mais atenção nos últimos anos, especialmente após a pandemia da COVID-19. Pode explicar como é que estas ferramentas funcionam e o seu potencial atual e futuro para deter a propagação de doenças infeciosas?
Laurent Bellavance: A vigilância digital de doenças infeciosas depende da troca de dados entre os sistemas de cuidados de saúde e algoritmos avançados que detetam padrões nas tendências de infeção. O segredo para fazer este trabalho de forma eficaz é a interoperabilidade, incluindo a semântica, que garante que os dados dos doentes de diferentes departamentos e sistemas hospitalares são padronizados e processados de forma eficiente.5
Por exemplo, o software pode integrar os resultados do laboratório de microbiologia para detetar sinais precoces de infeção, os relatórios de cirurgia para identificar infeções pós-operatórias e dados de movimentação de doentes para rastrear o potencial de risco de exposição e transmissão.
Este tipo de abordagem melhora significativamente a vigilância em tempo real, permitindo que os hospitais recebam alertas automatizados sobre os riscos de infeção pós-cirúrgica, possíveis surtos em unidades hospitalares específicas e sinalizar doentes a receber tratamento com antibióticos que não são os ideais.
Atualmente, os casos de utilização em hospitais demonstraram uma redução de até 90% no tempo de processamento de registos de dados em relação a infeções da corrente sanguínea associadas aos cuidados de saúde. Centenas de instituições já estão a beneficiar destas importantes melhorias em termos de eficiência.6
Olhando para a posteridade, o futuro da vigilância digital de doenças infeciosas inclui análises preditivas e inteligência artificial para antecipar surtos antes que estes ocorram, medidas de prevenção automatizadas no ponto de admissão de doentes e um melhor rastreio nacional e global de infeções.7 Ao aperfeiçoar continuamente a nossa abordagem, a vigilância digital deve tornar-se numa ferramenta essencial nos cuidados de saúde modernos, melhorando os esforços de prevenção e controlo de infeções a nível mundial.
Desafios na integração da vigilância digital de doenças infeciosas nos sistemas de cuidados de saúde
HT: Quais são os maiores desafios da integração do software de vigilância digital nos sistemas de cuidados de saúde?
Laurent Bellavance: A interoperabilidade e a padronização de dados são os obstáculos mais significativos. Cada hospital tem sistemas de IT e fluxos de trabalho diferentes, tornando a integração harmoniosa em algo complexo.
Para resolver este problema, é importante trabalhar em estreita colaboração com as autoridades de saúde para garantir que o software está alinhado com os protocolos hospitalares locais e as exigências nacionais de saúde pública. A padronização de dados é crucial para permitir que os hospitais adotem novas soluções com o mínimo de interrupção.
O outro desafio é garantir a rápida adoção pelo pessoal do hospital. Simplificar a integração e a formação dos médicos e das equipas de controlo de infeções ajuda a permitir que estes comecem a utilizar o sistema imediatamente após a implementação.
Em última instância, o objetivo é tornar a vigilância de doenças infeciosas fácil e intuitiva, reduzindo a curva de aprendizagem para profissionais de saúde ao mesmo tempo que se maximiza a segurança dos doentes.
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O poder da colaboração na promoção da inovação nos cuidados de saúde
HT: De que forma é que as parcerias de negócios colaborativas, especialmente entre os intervenientes menores e maiores do sector, afetam os cuidados de saúde?
Laurent Bellavance: As parcerias na área dos cuidados de saúde são essenciais para acelerar a inovação. As start-ups oferecem agilidade, especialização e experiência profunda no controlo de infeções, enquanto os grandes líderes globais trazem dimensão, credibilidade e recursos abrangentes.
Ao combinar forças, é possível acelerar a entrega de tecnologias que salvam vidas aos hospitais. Em vez de os hospitais procurarem várias soluções fragmentadas, podem agora aceder a sistemas integrados de vigilância digital de alta qualidade desenvolvidos através de colaborações estratégicas.
A nossa experiência com a Startup Creasphere e a Roche demonstrou que, quando as organizações seguem a mesma linha com vista à inovação baseada em valores, podemos avançar para uma maior eficiência, implementação mais rápida e, por último, para a prestação de melhores cuidados aos doentes.
Estamos apenas no início desta jornada e estamos entusiasmados com o futuro da vigilância digital de doenças infeciosas aliada ao fornecimento de ferramentas inovadoras para os médicos e à preparação para pandemias.
Referências
World Health Organization. (2025). Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/antimicrobial-resistance [Acedido em Março 2025]
Rawson TM et al. (2024) The Lancet 6(12):e914-e925. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/landig/article/PIIS2589-7500(24)00198-5/fulltext [Acedido em Março 2025]
Hayek J. (2024). Disponível em: https://www.hospitalia.fr/L-hygiene-hospitaliere-prend-de-plain-pied-le-virage-numerique_a3993.html
Marco L et al. (2023). Disponível em: https://www.spiadi.fr/app/files/limoges.783d1fb6130a7d2ce12bffb354d7c65c.pdf [Acedido em Março 2025]
de Mello BH et al. (2022). Health Technol (Berl) 12(2), 255–272. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC8791650/#:~:text=To%20that%20end%2C%20semantic%20interoperability,the%20information%20across%20organizational%20boundaries [Acedido em Março 2025]
RéPIA SPIADI (n.d.) Disponível em: https://www.preventioninfection.fr/spiadi-surveillance-et-prevention-des-infections-associees-aux-dispositifs-invasifs/ [Acedido em Março 2025]
Marra AR et al. (2023). Cambridge University Press 44(12), 1909-1912. Disponível em: https://www.cambridge.org/core/journals/infection-control-and-hospital-epidemiology/article/abs/brave-new-world-leveraging-artificial-intelligence-for-advancing-healthcare-epidemiology-infection-prevention-and-antimicrobial-stewardship/7B62059FB29F7CA3DC2E250669862041 [Acedido em Março 2025]
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Autor
Laurent Bellavance
Vice-presidente de desenvolvimento comercial, Nosotech
Laurent Bellavance tem mais de 25 anos de experiência em gestão, marketing, desenvolvimento comercial, planeamento estratégico e inovação tecnológica. Ocupou cargos executivos e de gestão de produtos em diferentes empresas, incluindo a TELUS e o centro tecnológico de inovação Quebec Ocean. Durante estes anos, contribuiu para a implementação de planos de desenvolvimento nacionais e internacionais que contribuíram para apoiar o posicionamento de liderança em muitos domínios da ciência e tecnologia. O seu percurso profissional diversificado levou-o à Nosotech em 2014, onde ocupou vários cargos e é agora responsável pelo desenvolvimento de negócios em todos os mercados-alvo.
NP-PT-00256 | Junho 2025
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