Nas últimas décadas foram feitos progressos significativos no combate ao cancro. Apesar destes avanços, quem somos e onde vivemos ainda ditam fortemente o acesso a cuidados oncológicos.
Cada pessoa que recebe o diagnóstico de cancro tem um mesmo desejo: combater a doença o mais rapidamente possível. Mas sem acesso a cuidados de saúde de qualidade, esta é ainda uma ilusão para milhões de pessoas em todo o Mundo.
Há um problema de equidade que está a custar muitas vidas e são várias as barreiras que contribuem para as diferenças no acesso à saúde: educação, rendimentos, localização geográfica.
O que é afinal a equidade? Não se trata exatamente do mesmo que igualdade. Trata-se de dar a cada um aquilo de que precisa para que todos consigam estar ao mesmo nível. Porque uns precisam mais do que outros para chegar a um determinado patamar.
No cancro, não há uma solução igual para todos e cada desafio exige uma solução diferente.
Poderá estar a pensar que a falta de equidade não o afeta, mas é muito provável que afete alguém que conhece. Embora muito mais sentida nos países em vias de desenvolvimento, a falta de equidade é um problema em muitas outras geografias.
Em Portugal, por exemplo, os programas de rastreios de alguns cancros não chegam ainda a toda a população elegível. No nosso país, o cancro é a principal causa de morte antes dos 70 anos e a segunda em termos globais. No entanto, o investimento na sua prevenção e no seu tratamento estão bastante abaixo da média europeia. Em Portugal o valor per capita investido no tratamento do cancro é apenas 57,5% do valor da média europeia, segundo dados destacados recentemente pela
Todos os anos 3,5 milhões de europeus são diagnosticados com cancro e 1,3 milhões morrem desta doença.
O cancro é uma das prioridades traçadas pela Comissão Europeia no domínio das políticas de Saúde, concretizada através do Plano Europeu de Combate ao Cancro e na criação da Missão Cancro. O objetivo destes instrumentos é o de salvar mais de 3 milhões de vidas nos próximos 10 anos, vivendo-se mais e com melhor qualidade de vida.
Na semana em que se assinala o Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, a 4 de fevereiro, várias organizações internacionais destacam alguns dos determinantes sociais da saúde, factores sociais que distanciam as pessoas da prevenção, diagnóstico ou tratamento do cancro.
Uma dessas organizações é a
Alguns indicadores mostram como este é um problema de todos:
- Nos Estados Unidos, as mulheres brancas têm uma taxa de sobrevivência ao cancro do colo do útero a cinco anos de 71%; para as mulheres negras, a taxa é de 58%
- As taxas de sobrevivência ao cancro infantil estão acima de 80% nos países desenvolvidos; nos países em desenvolvimento as taxas são de 20%
- Mais de 90% da mortalidade do cancro do colo do útero ocorre em países menos desenvolvidos