Biomarcadores: qual o impacto no diagnóstico da doença de Alzheimer?
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Podem os indicadores biológicos do nosso corpo ajudar a mudar o panorama da Doença de Alzheimer?
Os biomarcadores (diminuitivo para “marcadores biológicos”) são elementos do corpo que podem ser medidos de maneira objetiva1 – e podem ser de vários tipos, por exemplo, a temperatura corporal ou a pressão sanguínea.
Os biomarcadores têm um papel crucial na investigação clínica, no diagnóstico da doença e no tratamento pois: 2
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Ajudam os cientistas a perceber como as doenças afetam o corpo e a avaliar a eficácia e a segurança dos medicamentos.
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Fornecem aos médicos informações vitais para o diagnóstico e permitem gerir as condições de saúde do doente de forma mais eficiente.
A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença bastante complexa. No entanto, quanto mais aprendemos sobre os biomarcadores da DA, mais a nossa compreensão da doença aumenta: como podemos diagnosticá-la de forma precisa e geri-la.
Embora os biomarcadores para confirmar a DA ainda não sejam usados na prática clínica como rotina3, já têm um papel importante na investigação.4 Médicos e cientistas estão entusiasmados com o potencial impacto dos biomarcadores da DA na melhoria da qualidade do cuidado para indivíduos com DA.
Por exemplo, espera-se que os biomarcadores possam ajudar com:
Existem vários biomarcadores para a DA, sendo que a lista continua a crescer em paralelo com o nosso conhecimento da doença. Duas das principais, e precoces, características da DA são as “placas” e “Os emaranhados” que se desenvolvem no cérebro, causados pela acumulação de certas proteínas. Os biomarcadores já estabelecidos medem de forma precisa essas proteínas e fornecem auxílio no diagnóstico de DA.12
Atualmente, existem duas formas principais de medir biomarcadores da DA:
Técnicas de imagem cerebral (“scan”)
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Existem diferentes tipos de scans cerebrais – desde scans de TC
(tomografia computorizada) e RM (ressonância magnética) aos mais sofisticados scans de PET
(tomografia de emissão de positrões).
Na Doença de Alzheimer, scans de PET permitem-nos ver se existem placas beta-amilóide ou formação de emaranhados de tau no cérebro, ou ainda medir o crescimento das placas e dos emaranhados desde o scan anterior.2
Embora os scans cerebrais tenham várias vantagens, estes podem ser caros e demorados para quem os faça.16 Alguns deles são minimamente invasivos, e outros têm um muito pequeno risco associado de exposição a radiação.17 Ou seja, esta forma de teste pode não ser a ferramenta mais prática para ser amplamente disseminada.16
Teste ao líquido cefalorraquidiano
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O líquido cefalorraquidiano (LCR) é um fluído claro, aguado, que envolve o cérebro e a medula espinhal.
Acredita-se que a acumulação das placas beta-amilóide e os emaranhados tau no cérebro alteram a quantidade dessas proteínas no LCR.14 Ao testar os níveis das proteinas beta-amilóide e tau no LCR, podemos perceber se a DA está a desenvolver-se no cérebro.
Uma amostra de LCR é colhida da parte inferior das costas de um indivíduo usando uma agulha especial18, através de um procedimento que é semelhante ao de uma anestesia espinhal (epidural) durante o parto.
Se for feito por um profissonal de saúde, o risco associado a este procedimento é mínimo; os efeitos secundários mais comuns são dores de cabeça e dores nas costas.18
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Como podem os biomarcadores auxiliar num diagnóstico atempado no futuro?
Uma das prioridades dos cientistas que trabalham na DA é desenvolver testes sanguíneos rápidos, menos invasivos e amplamente acessíveis para medir os biomarcadores da DA.
Com um teste sanguíneo, existe o potencial de testar para a Doença de Alzheimer numa escala muito maior. Inicialmente, poderá permitir aos médicos dos cuidados de saúde primários (e.g. medicina geral e familiar) determinar se a DA pode ser uma causa para os sintomas do indivíduo – e referenciá-los para um especialista para fazer mais testes de forma a confirmar o diagnóstico. No futuro, poderá até auxiliar o screening para DA antes dos sintomas aparecerem.
Juntamente com a comunidade, continuaremos a expandir o conhecimento científico na DA e outras doenças neurológicas e a encontrar melhores formas de diagnosticar, monitorizar e tratar estas doenças. Ao juntar estas peças, esperamos criar um amanhã onde as doenças neurológicas já não limitam o potencial humano – para ajudar a preservar o que faz de nós quem somos.
Referências
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