Convidado Especial - Ricardo Mexia

Temos uma doença que conhecemos há cerca de quatro meses e o conhecimento sobre ela evoluiu de uma forma extraordinária. Mesmo a produção científica ligada ao surto tem sido extraordinária. Houve uma evolução muito rápida do conhecimento, talvez como não aconteceu antes em nenhum outro episódio de doença infecciosa. De enaltecer ainda a partilha de informação científica, que tem sido muito importante. Cada país está a lidar com esta crise com o conhecimento que é partilhado por todos. Tem havido uma colaboração muito franca e alargada por cientistas e investigadores a nível global.

Tenho a expectativa, embora não muito convicta, de que esta crise pudesse afastar completamente as pseudociências e os movimentos que em torno dela gravitam. Neste momento, as pseudociências estão resguardadas porque não têm utilidade absolutamente nenhuma e acabam por não ter a visibilidade que tinham. Isto é a demonstração cabal de que não há nenhum papel para essas pseudociências num mundo moderno. A questão do movimento anti vacinas, por exemplo, tem aqui uma prova do que seria um mundo sem uma vacina. Imaginemos o que seria sem as outras! Gostaria muito que este momento que vivemos pudesse, pelo menos, funcionar como arma para combater as pseudociências e os argumentos sem validade ou evidência científica. Também para os decisores políticos pode ter um papel importante, levando a que a ciência e a investigação sejam mais valorizadas.

A indústria farmacêutica e os laboratórios têm um papel fundamental, nomeadamente do ponto de vista do abastecimento dos medicamentos, que pode ser sempre um fator de grande preocupação. A indústria farmacêutica conseguiu evitar que houvesse disrupção e foi capaz de acautelar o fornecimento ininterrupto das terapêuticas necessárias. Há ainda a destacar o papel na investigação e desenvolvimento de soluções que sirvam para mitigar esta pandemia. Num horizonte breve, esperamos ter armas que permitam combater a Covid-19 ou o SARS-CoV2 com mais eficácia. A prioridade é encontrar soluções que possam servir para mitigar este problema que nos afeta a todos.

Pela sua vulnerabilidade têm de se proteger de forma ainda mais alargada do que a restante população, sobretudo no que respeita a contactos com outras pessoas. Tem de haver uma preocupação adicional também com a higiene das mãos, o distanciamento físico, a etiqueta respiratória e o uso de máscara. Não deve ser descurado o acompanhamento e contacto destes doentes com os profissionais de saúde que os seguem para, por exemplo, avaliar ou definir e há tratamentos ou exames que podem e devem ser diferidos no tempo ou os que têm mesmo de continuar a ser feitos. Havendo possibilidade, estes doentes devem ter um menor número de deslocações. Aqui pode ser muito útil, por exemplo, o papel da telemedicina ou das teleconsultas.

No futuro, há um conjunto de oferta de cuidados de saúde que poderá vir a ser feito à distância. Nesse sentido, esta crise pode ajudar a dar um empurrão na área da telemedicina. Há um conjunto de atos médicos que podem ser feitos à distância. Sem substituir totalmente os cuidados em presença, claro. Mas há uma margem para melhorar a oferta de cuidados de saúde à distância. Acredito que algumas medidas adotadas durante esta pandemia podem vir a servir como mecanismo para ganhar embalagem nesse sentido.

#EuFicoEmCasa foi um lema muito partilhado pela Associação dos Médicos de Saúde Pública durante o período de confinamento. O distanciamento é uma ferramenta crucial nesta doença?

Apostámos na mensagem “Ficar em Casa”, partilhámos muito esta ideia nas redes sociais. Mas o distanciamento entre as pessoas deve ser físico. Devemos todos promover a interação social e a proximidade social, através do telefone ou da internet. O isolamento social também tem custos importantes. É importante dar às pessoas ferramentas para lidar com o confinamento da forma o mais ágil possível, até para prevenir consequências do ponto de vista emocional e da saúde mental.

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