Pedro Bandeira

General Services

 

O teletrabalho é a nova realidade dos grandes consórcios empresariais. As empresas afirmam estar a adaptar-se ao “novo normal” e multiplicam-se em acções para apoiar os colaboradores, remotamente. Aparentemente, o teletrabalho parece não ter afetado a produtividade e pode mesmo ter intensificado a comunicação interna.

 

Mas, enquanto são disponibilizadas todas as ferramentas para que os colaboradores estejam em teletrabalho, existem funções e tarefas, como expedição e recepção de encomendas ou um simples depósito de um cheque, que não podem ser feitos remotamente e que obrigam a que exista alguém a fazê-lo em permanência.Pedro Bandeira, responsável pela empresa que assegura todos os Serviços Gerais da Roche, tem sido um dos poucos residentes diários do nosso edifício. 

 

Com o espírito de entrega que já lhe conhecemos, Pedro aceitou de imediato o nosso desafio e contou-nos como são os dias na Roche em tempo de Covid-19. Com alguma preocupação, fala-nos “na redução dos serviços de rua” e na responsabilidade que, também ele, tem com os seus colaboradores.

 

Pedro recorda, com alguma saudade, que, antes da pandemia impor a sua presença nas nossas vidas, os “caminhos encontravam-se lotados com trânsito e excesso de pessoas. Mas, a partir do momento em que foi decretado o estado de emergência, tudo mudou, inclusivamente a percepção da realidade que nos rodeia”.

 

Num relato emocionado, revive um episódio que o marcou: “numa das primeiras vezes que tive de ir a Lisboa, junto ao Marquês de Pombal, deparei-me com uma situação que me revoltou. Mesmo depois de todos conselhos, de todas as recomendações, já em pleno estado de emergência, via grupos com dezenas de pessoas na rua e sem qualquer cuidado ou preocupação em manter o distanciamento social…”

No entanto, após um olhar mais atento, Pedro percebeu que “eram pessoas sem abrigo”, que continuavam a viver as suas vidas nas ruas. Mas, a realidade do confinamento e a ausência do normal burburinho das cidades, trouxe esta dura realidade aos olhos de quem observava.

 

Mas os dias do Pedro não são passados apenas a receber e a expedir correio, são vários os serviços externos que recebe e executa com a competência e eficácia que já nos habituou. Tem sido também um dos responsáveis pela entrega dos “testes de detecção do SARS2 nos hospitais que se encontram na linha da frente para o tratamento da Covid-19”.

 

Nesta altura, sente orgulho em “poder ser uma das pessoas que, neste momento, tem a possibilidade de poder contribuir, para ajudar a combater, de alguma forma, esta pandemia”. “Mas, por outro lado, ter de ir a locais onde se encontram os maiores focos de infeção e onde a probabilidade de contaminação é muito maior, deixa-me receoso, por mim e pelos meus”.

 

Se, inicialmente, era possível ter apenas uma pessoa a assegurar todo o trabalho, nas últimas semanas, teve de solicitar o regresso de um dos seus colaboradores: “dei indicação ao Jerónimo para regressar, de forma a poder garantir que todo o trabalho era executado. Estando apenas uma pessoa, torna-se muito complicado conseguir conciliar todo o serviço, seja porque continuamos a receber fornecedores para o armazém, transportadoras para a sala do correio, e no caso de haver necessidade de me ausentar, não fica ninguém para receber”.

 

Para além de garantir toda a infraestrutura necessária para a empresa funcionar em teletrabalho, a Roche adquiriu diversos materiais de proteção para todos os seus colaboradores (máscaras, luvas, toalhetes com álcool e gel desinfectante). O Pedro e a sua equipa, em conjunto com a equipa do “building”, foram os responsáveis pela organização  destes materiais num Kit  (EPI´s) e  pela sua distribuição, garantindo as entregas em tempo record.

 

E num isolamento forçado, Pedro reconhece que terem transferido a sala do correio para uma sala com janelas, o ajudou a passar esta fase com mais ânimo.

 

Com alguns sinais de cansaço, o que o Pedro mais anseia nesta fase é “ poder cumprimentar, abraçar, ir para a praia, fazer um churrasco com a família, uma petiscada com os amigos, enfim todos aqueles pequenos grandes prazeres que um português que se preze tem muita vontade de fazer, amar a vida”.