
O novo coronavírus, que causa a Covid-19, continua a ser uma incerteza. Ainda não existe um conhecimento profundo sobre este vírus, não existem certezas sobre a forma como apareceu, nem quanto tempo vai durar ou quão prejudicial será. Vivemos, cada dia, com base em suposições. Não sabemos quando iremos regressar à normalidade, nem mesmo o que será esse novo “normal”. Mas, em contrapartida, já todos percebemos – nada voltará a ser igual e teremos uma realidade bastante diferente do que estávamos habituados.
Com um conhecimento profundo do que aconteceu no “olho do furacão”, a equipa de Molecular Diagnostics da Roche Sistemas de Diagnóstico, conta-nos como foi viver um turbilhão de emoções, a força e determinação que foram necessárias para conseguir dar suporte a todas as instituições de saúde do país!
Margarida Saraiva
Customer Manager - Molecular Diagnostics
Com um largo sorriso e uma frontalidade própria de quem sabe do que está a falar, Margarida Saraiva, um dos membros da equipa de Molecular Diagnostics, da Roche Sistemas de Diagnósticos, conta-nos como se gere o apoio técnico a clientes, em época de pandemia.
Com uma função que alia uma vertente comercial a uma componente técnica muito especializada, Margarida esteve, desde os primeiros dias, na linha da frente do combate à Covid19. Recorda, com algum orgulho, a necessidade de “formar muito mais profissionais de saúde para a realização dos testes, completa ausência de horários e de fins de semana. De um momento para o outro, houve um aumento exponencial deste tipo de solicitações, que obrigou a uma entrega muito maior do que habitual”.
Numa altura em que o teletrabalho e os e-learnings tomaram conta da rotina das empresas, a Margarida e restante equipa tiveram de fazer “formações presenciais, em cada uma das instituições que, na altura, estavam na linha da frente deste combate."
Questionada sobre eventuais receios e inseguranças relativamente a uma forte possibilidade de contágio, Margarida faz questão de afirmar que “nunca faltaram materiais de proteção e, em momento algum, sentiram que estavam a ser colocados em risco!”.
Mais do que o receio de contágio, a Margarida viveu momentos de alguma angústia por não terem como dar resposta a uma quantidade avassaladora de solicitações. “Numa altura em que mais do que a vertente comercial, queríamos ajudar, foi muito duro!”
Foram muitos os desafios e alguns até improváveis: “participámos na validação das condições de alguns laboratórios para garantir que tinha todas as condições necessárias para a realização dos testes de Sars Cov 2”.
Tendo ficado cerca de 3 semanas longe da família, motivada pela necessidade de substituir uma colega de equipa, de Lisboa, que ficou de quarentena, teve de aprender a gerir todos os anseios gerados por um contexto tão adverso.
A experiência da época da pandemia de Gripe A deu-lhe alguma segurança e, de alguma forma, confiança de que tudo se iria resolver. No entanto, afirma que “nunca sentiu tanto receio. O desconhecimento do vírus, a diversidade de sintomatologia e mesmo eventuais contingências pós contágio (ainda muito desconhecidas), fazem constatar que não basta protegermo-nos para eliminarmos o risco. Conseguimos reduzir o risco, mas não eliminá-lo na totalidade”.
Viveu de perto os contágios, os colegas que lidaram com profissionais de saúde que, mais tarde, testaram positivo e que tiveram de se afastar das famílias até terem os resultados dos seus próprios testes.
Algumas das experiências que a marcaram foram “a angústia de entrar num hospital e, contrariamente ao que é normal, encontrá-lo vazio do habitual corrupio de doentes. Perceber que toda uma unidade hospitalar se uniu para combater um vírus dá-nos uma dimensão da sua gravidade”.
“Entrar num supermercado e encontrá-lo despido, como os nossos antepassados no tempo da guerra. Não conseguir comprar cápsulas de café ou outros bens habitualmente abundantes e que fazem parte da nossa rotina diária”.
Agora que o mais difícil parece ter passado, afirma que esta pandemia teve algumas revelações bem positivas: “Tenho uma equipa fantástica, que conseguiu sempre ter uma atitude positiva perante as adversidades. Criámos o nosso próprio plano de acção para o contexto Covid-19 e todas as semanas nos reunimos para fazer a alocação dos reagentes. ”.
Reafirma o orgulho em pertencer a um equipa que “lutou todos os dias para conseguir ir ao encontro dos clientes, que depositavam toda a esperança neles. Com maturidade para tomar decisões e se apoiarem mutuamente. Que se dedicou de corpo e alma e tentou ultrapassar tudo com um grande sentido de humor”.
Tem esperança de que o pior já tenha passado, mas relembra que “não devemos baixar a guarda. É crítico manter os mesmos cuidados, até porque continuamos a não conhecer bem este vírus”.
Em jeito de mensagem final e, com o mesmo tom positivo, Margarida volta a reforçar que “mesmo nos tempos mais adversos é fundamental acreditar, continuar a sorrir, transformando os desafios em algo menos penoso. A vida é maravilhosa e gostar de viver e de saborear cada momento da nossa vida é o caminho para sermos felizes”!
André Novais
Business Lead - Molecular Solutions
Responsável pela equipa de Biologia Molecular, André afirma que a “O Covid-19 alterou tudo! O workload e objectivos da equipa tiveram de ser reajustados e até a gestão das rotinas familiares teve de ser mais flexível”.
A equipa recebeu tantas solicitações que fizeram com que o “workload da equipa passasse a ser 100% Covid-19. A intensidade emocional era avassaladora e esta situação causou alguma angústia e até sofrimento na equipa”.
“As chamadas eram realizadas a qualquer hora e a qualquer dia da semana. Tomámos consciência do impacto do nosso trabalho e isso tornou-se uma Missão! Queríamos ajudar a arranjar soluções que ajudasem os profissionais de saúde no combate a esta pandemia e isso alterou a nossa relação com os clientes, que passaram a olhar para nós como parceiros de combate e não como fornecedores”.
André considera importante realçar a posição da Roche em todo este processo e a forma como assumiu uma postura de parceria em detrimento de a habitual condição de fornecedor: “A Roche tinha o primeiro teste de detecção do vírus e era na altura um dos únicos fornecedores disponíveis no mercado em Portugal. Por isso, facilitou o acesso ao teste o mais possível tentando disponibilizá-lo rapida e eficientemente a todos os clientes e colaborando centralmente com as autoridades de saúde para que tudo fosse posto em marcha o mais rapidamente possível”.
Quando temos uma equipa que passa a dedicar-se apenas a uma área de negócio, é imperativo perguntar como se faz a gestão das restantes responsabilidades e a resposta é dada sem hesitação: “Neste período tão crítico - A Direção da Roche Diagnostics demonstrou sempre um grande apoio à equipa, libertando-a de outras tarefas e objetivos, de forma a conseguirem estar, efectivamente, na frente de apoio ao combate à Covid-19”.
André, como líder de equipa, confidencia-nos que não houve demonstrações de receio de contágio por parte da equipa, que se mostrou sempre muito corajosa e voluntariosa. Um dos primeiros testes que surgiram para a Covid-19 tinha de ser feito num equipamento de grandes dimensões com características técnicas muito precisas - realiza cerca de 1000 testes por dia.
“Quando chegaram os primeiros kits a Portugal foram feitas as instalações em tempo recorde, tendo a equipa assegurado as instalações em simultâneo - na altura, mesmo na frente de combate, no olho do furacão”.
As emoções estiveram sempre ao rubro e tudo era vivido com muita intensidade. André recorda que “algumas vezes, sentiu que tinha perdido a calma. Havendo momentos de desorientação temporária.
Mas, tudo era resolvido na hora, o que uniu ainda mais a equipa”. Sem a obrigatoriedade de uma presença física nos hospitais, André liderou, nos bastidores, todas as solicitações, fazendo a ponte entre a equipa, os hospitais e mesmo a Direção da Roche.
Vivenciou, na primeira pessoa, vários episódios que o marcaram e conta que vários clientes queriam adquirir uma das máquinas de teste.
“Mas não tínhamos como conseguir satisfazer este pedido. São equipamentos muito específicos e complexos, cuja produção e entrega são muito demoradas”.
Tudo isto, segundo o André, “é muito desmotivante! Sentir que queremos salvar o mundo e a realidade ser diferente, dá-nos um elevado grau de frustração”.
O André já retomou muitas das actividades que são cruciais para se sentir emocionalmente saudável, já pratica desporto, já vai estando com os amigos, mas ainda não definiu as férias… “talvez uma road trip de caravana com os amigos”. Agora que tudo está mais controlado, deixa-nos ainda um alerta: “não devemos baixar a guarda, não devemos relaxar. Virá uma segunda vaga, mas talvez com menos impacto, porque o sistema nacional de saúde já está mais preparado, já existem mais opções de testes, já conhecemos um pouco mais o vírus. Mas tudo ainda está muito dependente dos nossos comportamentos!”