
Entrevista Pessoas Roche - Rui Bica
Tal como viajar de avião mudou completamente depois do 11 de setembro, os escritórios tradicionais deverão, também, mudar para se tornarem ambientes mais seguros, mais limpos, mas também menos propensos à socialização.
Uma mudança evidente será a necessidade de distanciamento entre colaboradores e todas as outras limitações que o controlo do vírus nos impõe. Alguns irão aceitar, alegremente, essas limitações, para voltar à luta diária da vida no escritório e sair das suas próprias cozinhas e salas de estar. Outros irão descobrir que o teletrabalho poupa tempo e energia em deslocações, com a feliz vantagem de diminuir as hipóteses de infeção.
E neste contexto, os gigantes edifícios empresariais ficam vazios de pessoas, mas preenchidos de tecnologia e necessidades diárias de manutenção.
A colaborar com a Roche desde março de 2008, Rui Bica conta-nos como foi ver nascer um edifício, inovador à época da sua construção, e acompanhar o seu crescimento e adaptação às novas realidades e desafios de sustentabilidade!
Licenciado em Engenharia Mecânica Térmica, numa vertente de especialização em manutenção industrial e gestão da qualidade, Rui conhece o edifício da Roche como a palma da sua mão!
Fazendo uma viagem no tempo, recorda: “Tive a sorte de assistir à demolição do antigo edifício e acompanhar a construção do novo! Durante essa fase, apercebi-me de toda a tecnologia inovadora que foi, na altura, instalada e que nos permite, hoje, tirar o máximo rendimento desses equipamentos”
Apesar de toda a inovação, foram tempos atribulados para a equipa de manutenção, que teve de corrigir diversos problemas de construção “rupturas nas tubagens de água dos tetos arrefecidos, andar a correr pelo edifício como bombeiros, deparar com infiltrações de águas (em tempo de chuvas) em diversas áreas, disparos das centrais de incêndio e tentativas de invasão do edifício.”
Conhecido como o Engenheiro do edifício, Rui coordena diversas equipas (Manutenção, segurança, limpeza e jardins), sendo também o nosso SHE Officer, responsável pela área de Segurança, Saúde & Ambiente (Safety, Health & Environment) .
Preocupado com a sustentabilidade, refere que esta “tem, hoje, um papel primordial na valorização global das empresas. A Roche tem procurado, de forma contínua e sistemática, soluções inovadoras que ajudem a tornar o nosso edifício numa estrutura sustentável.”
Mais do que uma ambição local, a sustentabilidade é um objetivo crítico para a Roche Global. Existem métricas estabelecidas para todas as afiliadas e é com base nessas métricas que a equipa do edifício trabalha todos os dias. É num tom confiante que o Rui afirma: “Para alcançarmos um futuro sustentável temos de ser inovadores e pioneiros em todas as situações e esse tem sido o mote da nossa pegada ecológica.”
Consciente de que, para os colaboradores da Roche, nem sempre este trabalho é visível, confidencia-nos que “O que o cliente vê tem de estar perfeito!”. E, para garantir essa ambicionada perfeição, é crucial “Ter uma grande equipa comprometida, 24h por dia, em garantir a segurança das pessoas, a manutenção dos equipamentos, a limpeza diária, o cuidado com os espaços verdes e pronta a resolver, diariamente, todos os problemas que surgem!”
É com muita satisfação que o Rui recebe as várias sugestões, que chegam de forma natural, visando melhoria de processos e a sustentabilidade. Considera mesmo que “é fundamental esta preocupação dos colaboradores e deve ser incentivada. Da nossa parte, avaliamos todas as propostas e implementamos sempre que são consideradas viáveis.”
Com toda a complexidade inerente a um edifício tecnologicamente tão avançado, quisemos perceber quais foram os principais desafios nesta fase de confinamento. Embora habituado a situações de crise, Rui mostra alguma angústia quando nos afirma que “O início do confinamento foi muito tenso e angustiante, pois havia um sem número de acções a implementar, uma equipa enorme para gerir e um sem fim de reuniões virtuais sistemáticas, que geraram a um desgaste enorme, em termos físicos e psicológicos.”
“Embora tenhamos um plano pandémico, que foi revisto no início do ano, não tínhamos preparação para prever uma pandemia com a dimensão da que estamos a viver. Foram dias de incerteza, com pouca informação sobre o vírus (ainda hoje existem bastantes dúvidas).”
Foi nesta fase complexa e de incertezas que a Roche decidiu reunir a equipa do LEM, para fazer um acompanhamento semanal da evolução da COVID19. Este foi o posto de comando utilizado para discutir e decidir ações aos mais diversos níveis. Destas reuniões, Rui recorda o enorme desafio da aquisição de materiais de proteção e criação dos Kits EPPIs para os colaboradores “foram tempos muito difíceis, pois todas as empresas pretendiam adquirir, essencialmente, máscaras (cirúrgicas e FPP2) e álcool gel. No entanto, o mercado nacional e internacional estava esgotado e sem perspectivas (realistas) de entregas. Além do valor exorbitante, foi necessário gerir a pressão das entregas e a ansiedade dos próprios colegas.”
A par de todas estas solicitações, foi necessário manter o edifício vivo e a trabalhar e, apesar de fechado para os colaboradores, manteve-se aberto para a equipa de manutenção, de forma a garantir que o regresso pudesse ser feito com alguma serenidade.
Antes de encerrarmos a nossa conversa, quisemos saber como é que o Rui gostaria de viver nos próximos meses, se tivesse a possibilidade de decidir tirar um tempo só para si e a resposta foi pronta e acompanhada de uma alegria quase imediata “tiraria um ano completo, exclusivamente dedicado a viagens por países e regiões que ainda não tive a oportunidade de visitar.” Embora com a consciência de ser uma pessoa que já teve o privilégio de “ter visitado, pelo menos, um país em cada um dos continentes.” Rui ainda tem um plano, em mente, para várias viagens, que levariam certamente mais de um ano a realizar “Nova Zelândia, Índia, Sri Lanka, Seychelles, China, Nepal, Camboja, Vietname, Malásia, Filipinas, Japão, Polinésia Francesa, Costa Rica, Peru, Argentina, e iria terminar com um reencontro na Ilha Paradisíaca do Príncipe.”